quinta-feira, 28 de março de 2013

TRIGA DE EMBUSTES - HOCUS POCUS TRIGA - TRIGA OF HOAXES


«Hocus pocus» - Kenny Ortega (1993)

«Hocus pocus, tontus talontus, vade celeriter jubeo»


Desapareceu a evitar a sufocante ajuda
Reapareceu numa noite de Lua cheia
Após o seu silêncio de Buda
Entusiasmou uma imensa plateia

Tem o nome do filósofo de Atenas
E veio a terreiro denunciar as injustas penas
Que ele próprio tentou evitar
Apesar de sem querer as originar

Tal como Salazar deu força aos comunistas
Sócrates deu força a estes oportunistas
Que agora se intitulam de estadistas
E que só podem ser postos em causa pelos socialistas

Os verdadeiros social democratas
Que lutaram contra todos os autocratas
Para com a Liberdade realizar o potencial
Do nosso querido Portugal

Mas falta aprofundar a Democracia
Desenvolver a cultura participativa
E acabar com os jogos de parasita mordomia
Que asfixiam há séculos a valorosa Nação proactiva


Entrevista do ex-Primeiro Ministro José Sócrates na RTP em 27-03-2013, que confirmou a suspeita que o Governo e seus apoiantes, incluindo o Presidente da República e a sua hipocrisia, bem manifesta nas suas prévias declarações antes desta entrevista, iriam sair fragilizados face às falsidades e verdades entre 2005 e 2011, mas também do período anterior a 2005 (http://www.rtp.pt/play/p1164/e112169/socrates-o-fim-do-silencio):
«Bom, o que me garante que o PEC 4 tinha sucesso é apenas o apoio do Banco Central Europeu, o apoio do Conselho Europeu e o apoio da Comissão. (...) a aprovação em Bruxelas estava disponível para alterações (...) num diálogo interno em Portugal (...) uma solução aliás muito semelhante à que foi encontrada para Espanha e para a Itália neste momento. (...) o chumbo do PEC 4 conduziu Portugal ao pedido de ajuda externa (...)
(...) O senhor Presidente da República sempre usou dois pesos e duas medidas ao tratar com este Governo e ao tratar com o anterior Governo (...) achava que havia limites para os sacrifícios (...) agora (...) aquele discurso do senhor Presidente da República quando tomou posse foi um discurso de oposição ao Governo (...) deu um sinal político evidente à oposição que podia sem a intervenção do Presidente da República provocar essa crise política (...) teve na origem desta solução política (...).
Eu sempre me opus ao pedido de ajuda internacional, eu lutei com todas as minhas forças (...) foi (...) talvez a única vez que um partido daqueles partidos do arco constitucional (...) fiéis ao ideal europeu, deitou fora uma solução que a Europa tinha aprovado para provocar uma crise política e nos conduzir à ajuda externa, este é o ponto essencial (...) olhemos para aqueles que causaram a crise política (...) havia instituições em Portugal e muita gente que clamava pela ajuda externa, porque a oposição não fez apenas chumbar o PEC (...) tinham pressa de chegar ao poder (...) o que é que o País ganhou com essa crise política? (...) nessa altura o PSD fazia o seguinte discurso: basta mudar o Primeiro Ministro, basta mudar o Governo (...).
As consequências da crise política de 2011 estão à vista. (...) O primeiro embuste (...) é que os problemas que o País enfrentava eram apenas problemas da governação, problemas nacionais, não havia crise internacional (...); o segundo é que o anterior Governo nos conduziu à ajuda externa (...) e o terceiro embuste é (...) que estão apenas a aplicar aquilo que é o Memorando assinado ainda pelo anterior Governo.      
Aquilo que o Governo fez nos dois últimos anos foi aplicar o dobro da austeridade que estava no Memorando inicial, o Governo fez já sete alterações (...) então um Governo que aplica um Memorando ao longo de dois anos e ao longo de dois anos nada diz e vem agora dois anos depois, para desculpar o seu fracasso dizer que o Memorando estava mal desenhado desde início (...) o principal argumento não é "então agora é que descobrem?", não é isso (...) como é que podem dizer que estava mal desenhado se nunca o aplicaram? (...) quando se fazem alterações vai-se transformando o Memorando (...) o essencial do Memorando irlandês continua a ser desenvolvido, A verdade é que o Governo por sua iniciativa, alterou imediatamente esse Memorando. O memorando não tinha o corte do 13.º mês (...), nem o corte do subsídio de férias, (...) nem o aumento do IVA para a restauração para a taxa máxima, nem o aumento do IVA para a taxa máxima na electricidade, nem o aumento brutal de impostos. (...) Quando se altera de forma tão significativa e quantitativa o Memorando (...) o Memorando que resulta nada tem a ver com o anterior. Há uma alteração qualitativa. (...)
A decisão de alterar o Memorando, de ir além da Troika, de somar mais austeridade ao Memorando foi uma decisão do Governo, que tomou logo de início. Era aliás uma doutrina, que eu já tinha ouvido antes, (...) a doutrina te um nome, chama-se "front loading", isto é melhor fazer austeridade toda de início, toda à bruta por forma a que recuperemos confiança nos mercados, por forma a termos uma recessão como alguns economistas na altura apoiaram estas medidas, em V isto é, uma abrupta recessão, mas depois uma recuperação económica (...).
Eu digo algumas coisas do que se deve fazer: em primeiro lugar eu acho que o País tem a urgente necessidade de parar a austeridade. O que eu vejo aqui em Portugal, tal como na Europa, é um erro económico e político seríssimo, que é continuar nesta senda de austeridade e sem nenhuma preocupação com o crescimento económico (...) a imagem que me ocorre é que o Governo se meteu num buraco e o que há para sair do buraco é continuar a escavar (...) parem de escavar, parem com mais austeridade (...) paremos com esta loucura (...) essa solução não resulta (...) se continuarmos a escavar não cumprimos nem na dívida, nem no défice. (...)
Em 2009 nós tínhamos uma doutrina na Europa, precisamos de fazer face à crise, aguentar a economia, apoiar as famílias, aumentar o poder de compra (...) para que possa responder à diminuição da procura que se estava a verificar em todo o Mundo (...).
Nós chegámos ao Governo em 2005, com um défice de 6,83% (...) uma governação da  direita que tinha deixado o único país na Europa em défice excessivo. Nós em dois anos baixámos o défice (...) para 2,8%, foi o mais baixo défice da democracia portuguesa, ao mesmo tempo que tivemos crescimento económico, ao mesmo tempo que (...) passámos a exportar mais tecnologia do que aquela que importámos, ao mesmo tempo que fizémos a reforma da segurança social (...) das energias renováveis (...)
Nas PPP vai aí uma história muito mal contada (...) rodoviárias (...) existem 22, quantas é que eu lancei? 8 (...) encargos líquidos para o futuro (...) que eu recebi em 2005 (...) 23 mil milhões de euros (...) em 2012, 19 mil milhões (...)
A austeridade provocou a descida das receitas fiscais (...)
(...) eu enfrentei uma crise dificílíma entre 2009 e 2011 com um Governo permanentemente acossado por uma Assembleia da República, que essa sim só queria mais despesa (...) os partidos que estão no Governo na Assembleia da República (...) sempre vi a quererem aumentar a despesa (...) governo minoritário (...) parlamento hostil (...) presidente da república que foi nada nada imparcial (...).
(...) este Governo tem um problema de comando político (...) tem um desgaste (...) não vejo condições para que este Governo desenvolva aquilo que é preciso fazer relativamente ao futuro na condução da Economia. (...) o que fazer, como fazer? Primeiro (...) não continuar com a austeridade, acho um erro político a ideia de fazer cortes. Em segundo lugar alterar o discurso (...) um político que desiste da confiança de puxar pelas energias do seu País, no futuro é um governante que não está à altura das suas responsabilidades (...) afinal do que é que gosta? E não há um país que possa ser governado sem uma esperança, sem uma vontade, sem  ambição. O dever da política, o dever dos governantes é traçarem um rumo. Sabe o que faz lembrar o discurso do Governo ao longo destes dois anos (...) a frase da "Divina Comédia" do Dante quando (...) o personagem entra no inferno: "Vós que entrais abandonai toda a esperança" (...) este governo foi o que fez (...) empobrecimento (...) convidar a emigrar (...) um discurso de expiação, de punição (...)»

Em relação ao Governo e seus apoiantes estamos totalmente de acordo, foi brilhante a sua ofuscação! Mas não existe uma única palavra sobre a necessidade de colocar em causa o «status quo» desta Sociedade Política que se manifesta no Estado e em décadas de despesas sem valor, não prevista no Memorando, que implicariam há muito tempo uma profunda reforma do Estado e da Sociedade Política cheia de vícios e inércias, que pesam muito sobre as Empresas e as Famílias, sobre a criação de valor que sustenta Portugal!



      

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