domingo, 29 de julho de 2012

PRODUTIVIDADE - FRUCTIBUS - PRODUCTIVITY


 Representada por «Apple Tree» - Gustav Klimt (1912)

«A fructibus eorum cognoscetis eos» - Evangelho segundo Mateus (7, 16)

«Pelos frutos se conhece a árvore» ... vezes sem conta se fala da baixa produtividade da Nação, muitas vezes se atira o problema para as pessoas que trabalham, mas essas perspectivas redutoras omitem o essencial: as pessoas trabalham em que actividades económicas, com que meios estratégicos, para que mercados, com que meio ambiente envolvente? Por melhor e mais que trabalhemos, se as actividades económicas em que trabalhamos gerarem um valor acrescentado relativamente baixo, como é que poderemos ter uma boa produtividade?

Se definirmos produtividade (PR) como a relação entre o valor acrescentado (VA) ao valor que validamos socialmente aos nossos fornecedores de matérias, mercadorias e serviços (VF) pelo valor da nossa produção (VF + VA = VP), com base no valor das pessoas empregadas (VE) que trabalham com os meios estratégicos (sejam elas gestores ou outros trabalhadores, sejam eles computadores e seus programas, máquinas, ferramentas), teremos PR = VA / VE, ou seja os euros de valor acrescentado por cada euro de valor das pessoas empregadas. 

Com base nos dados do Eurostat relativos a 2010 (só Portugal e a Itália têm dados disponíveis de 2011) poderemos criar o seguinte gráfico da Produtividade na União Europeia, que no mínimo é estimulante para os agentes das elites, da nomenclatura, do BCE, do FMI, Comissão Europeia e dos «Mercados Financeiros»:

  A Grécia (Greece) com 2,45 euros (€) de valor acrescentado pela sua Economia (οἰκονόμος) por cada euro (€) de valor atribuído aos seus empregados tem o indicador mais elevado, fruto do seu relativamente baixo valor acrescentado (200.630 milhões de euros-M€) ter por base um valor dos empregados ainda mais baixo, em termos relativos (81.977 M€, 27.400 M€ na Administração Pública, 33,4%, um dos maiores pesos, provavelmente um dos maiores problemas).
Portugal tem uma situação mais desfavorável: com um valor ligeiramente superior (86.784 M€) de valor atribuído aos empregados (21.093 M€ na Administração Pública, 24,3%, superior à média da Euro área, 21,7%) apenas obteve 151.191 milhões de euros de valor acrescentado (1,74 €). Em 2011 a diminuição do valor acrescentado em -1,16% foi «compensada» pela redução do valor atribuído às pessoas empregadas de -1,25%.
A Alemanha (Germany) tem um valor semelhante a Portugal (1,76 €), mas com uma situação bastante mais favorável de elevado valor acrescentado (2.216.810 M€) para elevado valor atribuído às pessoas empregadas (1.261.380 M€, apenas 15,4% ligado à Administração Pública).
Os latinos Espanha (1,90€), Itália (2,12€) e Roménia (Romania, 2,19 €), a Noruega com o seu petróleo do Mar do Norte (1,98 €) e a Polónia com a sua proximidade da Alemanha (2,37 €) têm valores também mais elevados que Portugal, mas os outros países seleccionados têm valores inferiores: Bélgica (1,73 €), França e Finlândia (1,69 €), Reino Unido (1,63 €) e Dinamarca (1,55 €).

Como referimos noutras mensagens, Portugal foi nivelado por baixo pelas suas elites e nomenclaturas a partir do século XVI, com o triunfo da cultura negativa e destrutiva em que a Inquisição é uma das suas manifestações, dos jogos de soma nula e negativa, dos círculos viciosos, da posição estática de usufruto de renda e não da anterior cultura dinâmica de semear para colher e colher para semear, de jogos de soma positiva, de círculos virtuosos, com líderes, elites e grupos sociais que fortaleciam a Nação.

O Estado Novo autocrático, com o seu medo do desenvolvimento e da indústria, com o seu espírito jurídico-financeiro e poupado (acumulação de ouro, mas sem investimentos estratégicos, entenda-se que sem também os desperdícios de betão, alcatrão e fármacos do passado recente) e sem sensibilidade cultural, estratégica e económica, enterram ainda mais Portugal num modelo de valor acrescentado muito baixo e de valor atribuído às pessoas empregadas muito baixo, limitando e condicionando fortemente o Mercado Interno, com situações extremamente artificiais de congelação de rendas de imóveis para viabilizar o patamar muito baixo e com o condicionamento à livre iniciativa, fomentador de situações de poder económico e financeiro desfasados dos interesses da Nação, sem realizar todo o potencial que existia no seu querido «Ultramar», que não conhecia, que tanto vulnerabilizou e que indirectamente e contraditoriamente acabou por contribuir para a sua entrega nas mãos da gulosa União Soviética dos anos 70, com um Estados Unidos da América bastante fragilizados com os consecutivos erros das suas Administrações. Como? Como é possível que em Portugal o partido stalinista tenha tido tanta influência e que tenha conseguido fragilizar a Descolonização? Pela autocracia que o combatia, mas que contraditoriamente lhe dava muita força na clandestinidade, que lhe ocultava a sua essência autocrática, bem manifesta com o fim do regime anterior, mas felizmente derrotada pela afirmação da Democracia em Portugal, fortemente apoiada pelos líderes sociais democratas alemães (bem melhores que os actuais líderes de «centro-direita) e franceses. 

A afirmação dos Empresários Portugueses, só possível com fim dos bloqueios culturais do anterior regime (que os erros do actual iludem os menos atentos à verdade),  tem vindo progressivamente, a dar os seus frutos, que ao contrário do que certas elites e nomenclaturas afirmaram, não são de «vão de escada» (os que eram não resistiram às duras provas e mais vale ser de «vão de escada» do que não ser, porque gerir monopólios, oligopólios, cartéis e posições de renda-portagem de passagem é muito mais fácil), investiram e arriscaram fortemente com base nos subsídios provenientes da União Europeia e surpreenderam esses agentes das elites com os resultados do seu trabalho de décadas com os seus empregados, que lhes permitem aumentar as exportações para novos mercados, nomeadamente os do ex-Ultramar, mas não só, com todas as adversidades ligadas aos «custos de contexto» ligados à acção do Estado, às desvantagens energéticas, logísticas, de telecomunicações, de formação e educação, etc.

Quem entregou a Agricultura e as Pescas nas mãos quantitativas e insensíveis da Comissão Europeia? Lembram-se por exemplo, quando o azeite era desincentivado porque colidia com os interesses das oleaginosas com rendimento garantido da PAC, desfavoráveis à saúde? Quando os agricultores eram desincentivados a produzir? Lembram-se das frutas de melhor qualidade que eram enterradas porque frutas de má qualidade mas normalizadas entravam por importação a preços mais baixos? Lembram-se do contraste como em Espanha se defendiam os produtos espanhóis com barreiras «técnicas»? Quem não soube defender os interesses da Nação? Estão surpreendidos com os actuais êxitos? Só quem não conhece e não acompanha a realidade empresarial de Portugal há décadas e vive no facilitismo «tradicional» das elites e das nomenclaturas é que pode ficar surpreendido. Os empresários que vivem há décadas em concorrência aberta desenvolveram capacidades muito desfasadas de elites e nomenclaturas dominantes.

Por responsabilidade dessas elites muitas pessoas têm que emigrar ciclicamente e enfrentar muitas dificuldades, tal como os empresários tiveram e têm que exportar e investir no exterior, mas com poucos apoios. Às pessoas das elites que têm contribuído para essa afirmação internacional sentidas felicitações, mas são excepções. Parecerá um exagero carregar sobre o conceito de elites uma forte responsabilidade do que se passou e do que se passa, mas uma análise histórica aprofundada revelará esta percepção da maioria dos Portugueses, cansados de tantos erros e egocentrismos. Quem são as Pessoas das elites que procuram realizar-se pela Obra para a Nação? Excepções. Quem são as Pessoas empreendedoras e empregadas privadas ou públicas, que o realizam: muitas! A Sociedade deverá valorizá-las cada vez mais e dar os sinais correctos para toda a Sociedade Civil e Política. Os membros das elites e da nomenclatura com impunidade ética e legal e com valorização monetária constituem um péssimo sinal impulsionador da indignação social perante a valorização da confiança em detrimento do mérito, num jogo de interesses de grupo e de grupinhos, que em última instância não interessam a longo prazo a ninguém, mesmo numa perspectiva egoísta, materialista, individualista, porque nos fragiliza a todos perante o Mundo.


Temos forte esperança e convicção que serão esses líderes-empresários da Sociedade Civil, com todas as Pessoas Luso-Latinas que trabalham por conta própria ou alheia e que contribuem para a afirmação de Portugal no Mundo, que estiveram, estão e estarão a transformar Portugal num País de maior valor acrescentado e maior valor atribuído aos empregados! Vivam esses empresários e trabalhadores portugueses em todo o Mundo, viva a Nação Portuguesa e Luso-Latina!!!






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