Somerset Maugham no seu romance «Catalina» (1948), expressa a repulsa pelo trabalho que existia na nobreza de Castela e Aragão, no ambiente cultural extremamente destrutivo e horrível por onde se movimentavam os assassínios, torturas, arbitrariedades, crueldades e atrocidades do «Tribunal do Santo Ofício» («Inquisição»), a negação de Jesus Cristo e de Deus, a negação da Vida e da Criatividade. Tudo o que se fez deixou marcas históricas indeléveis e prejudicaram muito o desenvolvimento das suas Nações.
Quando é que surgiu esse monstro bárbaro na Europa? Na Occitânia, a partir de 1184 esmaga os cátaros, «os puros». Em 1233, segundo Alexandre Herculano, os inquisidores dominicanos são expulsos de Tolosa e Narbona, mas enquanto o Reino de Portugal fixa as suas fronteiras em 1249, nesse ano, o Reino de Aragão, para onde tinham fugido muitos dos Cátaros, deixa penetrar a monstruosa Inquisição e em 1478 começa a invandir a união dos Reinos de Castela e Aragão e é por essa via que chega a Portugal, no acordo de casamento entre a filha dos reis católicos Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão, Maria de Aragão e Castela e Dom Manuel I em 1500, sucessora da sua irmã mais velha Isabel de Aragão e Castela, falecida em 1498 no nascimento do seu filho, que também faleceria em 1500, com menos de 2 anos.
Dom Manuel I, no acordo de casamento com Isabel (1497), estava sujeito à alteração da inicial tolerância para os foragidos da Inquisição dos pais de sua esposa, tendo criado a figura dos «cristãos-novos», os forçados à conversão no final do século XV. Em 1506, os omnipresentes e tenebrosos Dominicanos, que vimos a actuar no «Il Nome della Rosa» de Umberto Eco (1980), incitam um massacre horrível em Lisboa, com a participação de marinheiros estrangeiros. D. Manuel, ausente da capital, manda executar os responsáveis Dominicanos, sendo o Convento de São Domingos, o palco do terrorismo, encerrado durante alguns anos. Em 1515 Será o seu filho D. João III, filho de Maria de Aragão e Castela, que introduzirá a monstruosa Inquisição em Portugal (1536). Toda a Península passa a estar sobre a acção da «Tirania, da Ignorância e do Fanatismo» segundo as palavras de Fernando Pessoa relativas aos Templários, vítimas entre 1307 e 1314 do rei de França Filipe IV e do Papa Clemente V. As fragilidades de transmissão do poder por hereditariedade ficam bem patentes com a morte dos dez filhos do rei de Portugal, tendo o trono sido transmitido a um neto com três anos (1557), o rei D. Sebastião que ainda afundará mais o Reino em 1578, numa desastrosa expedição militar a Marrocos derrotada pelo crescente otomano.
Sucede-lhe o seu tio o cardeal D. Henrique, irmão mais novo de D. João III e em 1580 fecha-se o círculo: Filipe II de Espanha, filho de Isabel de Portugal, irmã de D. João III e do cardeal D. Henrique, reivindica o trono de Portugal e pela força e pelo consenso do ouro é proclamado Filipe I, rei de Portugal. Formalmente Portugal não perde a independência, realmente a perde, o que afundará ainda mais O Reino nos desastres da megalomania de Espanha, manifesta por exemplo, na «armada invencível» que parte de Lisboa em 1588 para uma derrota perante os Ingleses, por relação com as posições de Espanha na Flandres.
A restauração da independência em 1640 é realizada no contexto do apoio da França à independência da Catalunha e da «guerra dos trinta anos», em que a Espanha esteve envolvida de 1618 a 1648.
Os Reinos da Península vão perder a sua influência no Mundo e conhecer tardiamente o desenvolvimento industrial: sempre antecipado e mais desenvolvido na Catalunha e no País Basco no século XIX, apenas nos anos 60 do século XX, com a progressiva integração europeia é que Portugal e Espanha vão acelerar o seu crescimento económico.
A partir dos dados de Angus Maddison sobre o Produto Interno Bruto dos diferentes Países desde o ano 1 depois de Cristo (d.C), podemos criar os seguintes gráficos:
Da hegemonia de Roma (1) às afirmações das cidades italianas (1500), de Portugal (1500), Espanha (1500-1600), Holanda (1700), França (1600-1820), e Reino Unido (1700-1900) e Alemanha (1870-1900) e progressiva hegemonia dos Estados Unidos da América a partir de 1890.
Com as grandes guerras mundiais assinala-se a queda da Alemanha e do Japão e a ascensão da Rússia.
Depois ressurge a Alemanha e afirma-se a Ásia-Pacífico com o Japão, os «tigres asiáticos) e mais tarde a China.
Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha, Latinos, Gregos e Celtas são alvo de forte especulação no contexto das suas vulnerabilidades face à crise e no quadro da zona euro, sendo denominados de uma forma inadmissível de «PIGS» e «PIIGS», por certos bárbaros (nomeadamente anglo-saxónicos), responsáveis pelos malabarismos financeiros e principais beneficiários dos empolamentos. A liderança europeia germânica fica dividida entre os seus ideais e traumas monetários e a integração europeia, com resultados desastrosos para toda a Europa. Depois da Grécia e da Irlanda (2010), cai Portugal (2011), cai a Espanha (2012) e a Itália é fortemente ameaçada, com todos a dizer que são diferentes dos outros e o aprofundamento da integração monetária e financeira, a ser continuamente adiado, à espera de um eventual aprofundamento da integração fiscal e política.
Os países que são vítimas desta situação passam a ter «Ratings» ridículos por parte das superficiais Agências, taxas de juro das obrigações a 10 anos muito elevadas e «credit default swaps» a disparar para números índice disparatados, publicados pela Bloomberg no seu site (www.bloomberg.com) e através dos seus gráficos interactivos:
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