António Costa: de costas voltadas para compromissos tributários com os eleitores ...
Expresso (Bernardo Ferrão e Cristina Figueiredo): «Falta a resposta dos impostos...»
António Costa: «Quando elaborar o programa de Governo terei de ajustá-lo à situação orçamental que se viva na altura.»
Expresso: «Portanto, não se compromete com nenhuma baixa de impostos?»
António Costa: «Não, o compromisso será assumido no momento próprio, que é o da elaboração do programa de Governo» (Expresso 23-8-2014)
Depois do brutal aumento de impostos sem profunda reforma do Estado é esta a posição de um candidato às primárias do PS? É esta a posição de uma liderança para «mobilizar» Portugal? Os compromissos com o eleitorado devem ser claros antes das eleições e devem ser controlados após as eleições. Esta cultura de representatividade do «cheque em branco» foi recentemente vivida com o actual Governo e seria desastrosa a sua repetição. A prioridade orçamental deveria ser a eliminação de despesas públicas que não contribuem para a criação de Valor e a realização das que contribuem para o Desenvolvimento de Portugal! Libertar as Empresas e as Famílias de fardos pesados que lhes foram atados de uma forma imoral e com consequências desastrosas para a Nação Portuguesa é uma atitude política fundamental que não vemos na candidatura de António Costa e vemos na candidatura de António José Seguro, que assumiu compromissos fiscais.
António Costa ao não se querer comprometer em termos de política fiscal, compromete-se bastante... Na mesma entrevista a afirmação de Costa segundo a qual o «PM tem muitos defeitos mas tem uma qualidade: tem sido absolutamente franco e transparente» colide com a realidade, nomeadamente em relação ao brutal aumento de impostos, a constante facilidade abusada por este péssimo governo sem franqueza nem transparência, que Costa parece querer ter à mão e da qual Seguro já abdicou!
A propósito do BES o candidato às primárias do PS António Costa afirmou em 10-08-2014:
«Não podemos é criar esta ilusão junto das pessoas de que é uma solução sem dor, não. É uma solução que tem dor como, aliás, acontece habitualmente quando se resolvem problemas»
Na recente entrevista ao Expresso em que Costa foi extremamente arrogante e mais uma vez bastante incorrecto com Seguro, referiu: «A crise de 83 foi duríssima. E o exercício conduzido por Ernâni Lopes foi brutal. E teve de ser. Mas todo esse processo foi acompanhado por um discurso mobilizador de Mário Soares.»
Na minha opinião os Democratas e Socialistas devem ter muito cuidado com António Costa, que tem uma vontade de poder muito mais clara que a sua capacidade cultural, política, económica e ética para liderar o Governo de Portugal num enquadramento histórico muito complexo. A sua falta de transparência em relação a compromissos de curto e médio prazo, a sua aversão às primárias, aos debates, a sua atitude em relação à liderança do PS, a sua arrogância sem sustentação dão-nos muitos sinais preocupantes. A esperança de muitos num líder mais eficaz tem vindo a ser posta em causa pelo tempo de maturação e de relativização de imagens e emoções mediaticamente sugeridas, o que Costa queria evitar, com uma eleição rápida e sem passar por simpatizantes e militantes recentes. Costa faz-me lembrar Renzi em Itália: afastou rapidamente Letta do Governo em nome da velocidade de concretização de mudanças e anda a estudar o que deve fazer, anda a aprender sem concretizar, está a perder tempo, Mateo Renzi não estava preparado, não se preparou, tal como Passos.
O risco, a probabilidade de António Costa utilizar o aumento de impostos é grande face aos sinais que podemos percepcionar e seria mais do mesmo ...
As pessoas estão desejosas de se libertarem deste péssimo Governo e algumas (muitas?) têm «fé», acreditam que Costa será o mais eficaz em termos políticos, mesmo que seja menos ético. Essa crença, considero que é uma ilusão que tem sido bastante mediatizada. A falta de ética em Política tem tido resultantes desastrosas para Portugal como bem sabemos e sofremos ... tal como nos negócios em que a ética gera valor e dinheiro e minimiza riscos, a ética em Política poderá ser muito favorável à eficiência e eficácia políticas de uma alternativa democrática e humanista, que as pessoas pretendem e que Portugal necessita para inflectir a sua contínua desvalorização para uma valorização das suas Pessoas, Famílias, Empresas e demais Instituições ...
É aceitável não existirem compromissos fiscais e considerar-se uma utopia acabar com despesas públicas que não criam Valor de forma a maximizar despesas que criam valor e minimizar impostos que absorvem valor? É uma utopia iniciar-se uma reforma profunda do Estado e da Sociedade Política? O actual Governo não procedeu a qualquer reforma do Estado, aumentou brutalmente a carga fiscal e ficou refém dos acórdãos do Tribunal Constitucional para diminuir despesa pública. Era uma utopia uma política alternativa que o próprio Vítor Gaspar admitiu que tinha sido o seu grande erro não a ter iniciado em 2011 antes de se demitir? Quando as pessoas deram maioria ao PSD+PP contavam com essa reforma e foram enganados com uma brutal tributação e com cortes avulso sem qualquer sustentação. São muitas dessas Pessoas, que se desiludiram com o anterior Governo do PS e que o PS tem que «mobilizar» e representar para concretizar uma alternativa democrática que valorize Portugal. O aumento de impostos é intolerável, não é uma utopia exigir o seu não aumento e se possível, a sua diminuição, como a intolerável sobretaxa de IRS, como a diminuição que foi conseguida no IRC, com influência do PS a favor das PME e criticada por António Costa. Foi uma realidade! Irrealismo é manter certas despesas públicas que são insustentáveis, imorais e não criam Valor e que a liderança de Seguro já colocou em causa. Não vejo na moção de Costa realismo e utopia. que também é necessária para nos orientar na relação entre os nossos valores e a realidade, vejo bastantes fragilidades, vejo um «cheque em branco», um não comprometimento até às eleições, para depois fazer o que quiser. Sócrates assumiu o não aumento de impostos em 2005, iniciou uma reforma do Estado. Não cumpriu, pediu desculpa, diminuiu mais tarde e parcialmente o IVA, numa altura em que o balão mundial tinha estourado, mas assumiu. Costa não tem essa capacidade é muito mais gelatinoso é menos confiável, na minha opinião.
O estado da Nação sabe-se: está sobrecarregada de parasitagem. O estado do Estado, manteve o seu status quo. Mas aquilo que é evidente é que se aumentarem os impostos além de imoral cria ainda mais círculos viciosos e portanto, o que será sempre necessário fazer é diminuir a despesa pública que não gera Valor (actual ou futuro), seja qual for o estado do Estado. Assumir isso é o mínimo que se solicita a uma alternativa democrática séria . Costa não o assume. Seguro assume-o. Sócrates assumiu-o e não cumpriu.
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