Autarca de Lisboa e ex autarca do Porto, apoiados por cavaquistas e socráticos vão formar um bloco central para dar continuidade ao «status quo» e deter o poder por muitos anos, com efectiva rotatividade? Seria ainda mais bloqueante ...
É este o «outro PSD» para Costa?! Rui Rio e a sua visão de Democracia em 23-10-2014: «Se as coisas funcionassem como deviam, não fazia sentido que houvesse primárias porque livremente os militantes escolheriam quem querem. Agora, dado o estado a que chegámos e considerando que o regime e os partidos estão como estão, admito condescender nessa solução, que pode ser um contributo positivo, como forma de forçar os partidos a abrirem-se à sociedade (...) na pura tese teórica isso não faz sentido. Dado o estado a que chegamos admito que possa ser um contributo positivo» Depois de defender um acordo entre PSD, CDS e PS para uma reforma do sistema político, judicial e administrativo (regionalização), referiu: «(...) não vale a pena ser primeiro-ministro por um mandato. Mesmo a maioria absoluta não serve para nada. Não há incentivo para ir para a política com estas regras. Só se for para uma rutura... Caso contrário é pura perda de tempo.»
Manuela Ferreira Leite e a sua visão em 18-11-2008: «[Considero a reforma do sistema de justiça] como primeira prioridade (...) Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia... Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se (...) E até não sei se a certa altura não seria bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia.
Agora em democracia efectivamente não se pode hostilizar uma classe profissional para de seguida ter a opinião pública contra essa classe profissional e então depois entrar a reformar - porque nessa altura estão eles todos contra. Não é possível fazer uma reforma da justiça sem os juízes (...)»
A relação entre representantes e representados, entre Estado e Nação é muito limitativa. A dependência de um líder que nunca existe em vez do desenvolvimento da relação entre valores e realidade de uma forma consequente manifesta a nossa profunda vulnerabilidade cultural. Desde a ascensão da cultura da negatividade no final do século XV (manifesta no triunfo das oligarquias sobre a Nação e na abertura à inquisição castelhana), predominam (com honrosas excepções) as culturas de colecta, exploração, absorção e oportunismo, os jogos de soma nula ou negativa, as redes de confiança e subserviência que acabam por se comprometer a si próprias, a desvalorização, a destruição e desincentivo da criatividade e da inovação, a aculturação, a intolerância, a mesquinhez, a inveja, a cultura de paróquia, que Eça observou e satirizou no final do século XIX. Salazar e o Estado Novo amplificaram profundamente estes problemas políticos, culturais (condições para a liberdade real fundamental para a Democracia) e sócio-económicos (incrível o receio da indústria, o condicionamento empresarial, a política de desvalorização) e a nossa querida Democracia ainda está muito vulnerável, enredada em teias de status quo que atiram para a dimensão da hipocrisia a abordagem reformista. De muito deveres e poucos direitos se inverteu para muitos direitos e poucos deveres, que agoram coexistem com muitos deveres e poucos direitos no sector privado. Por mérito do PS, concretizou-se um Estado Social a partir do zero. que há que tornar sustentável, eficiente e eficaz, criador de Valor, descondicionado de muitos interesses que o envolveram e o vulnerabilizaram.
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