«Em Portugal há um importantíssimo problema a resolver, problema que lhe é muito próprio, que domina toda a sua vida e se faz sentir em todas as suas manifestações.
É o problema da existência duma organização político-social caracterizada pelo predomínio de vários grupos de indivíduos, que exclusivamente tratam dos seus interesses em detrimento dos interesses gerais. Esta organização é bem conhecida em história: é o chamado regime oligárquico-parasitário.
Tem dado cabo de várias sociedades: a ateniense, a cartaginesa, a romana… Tomou conta de Portugal há cerca de quatro séculos; desde então domina-o, apesar de todas as revoluções, e se Portugal não fosse tão robusto, não tivesse tantas e tão boas qualidades, já teria desaparecido. Tem feito com que, há muitos e muitos anos, a vida seja mais cara e pior do que na maior parte dos outros países, com que o ouro brasileiro e os empréstimos do Estado (e tão numerosos e avultados têm sido!), em vez de largamente beneficiarem a nação, tenham desaparecido numa formidável voragem, mal deixando umas escolas, uns caminhos de ferro, umas pontes, umas estradas…
Vejamos como.
Pela exploração erigida em exemplo. A exploração rendosa, fortemente rendosa sem grande trabalho, sem grande risco, realizada por um reduzido número de indivíduos que, através os tempos e sob designações diferentes, têm conseguido, mais ou menos, amontoar fortunas: a exploração do Estado, a exploração do povo, a exploração do preto, a exploração do emigrante… E assim, (em face do exemplo vindo de alto), o ideal da maioria dos portugueses passa a ser também explorar: explorar o emprego público, explorar o patrão, explorar o caixeiro, explorar o freguês, explorar o rendeiro, explorar o inquilino, explorar o proprietário, explorar o aluno, explorar o professor… explorar, explorar, explorar. Triste hierarquia de exploradores! (Augusto Reis Machado - «Dê-se Consciência à Nação» 1923)
Portugal sempre à espera de um(a) bom(a) líder bom(a), «catalizador de almas» (Fernando Pessoa), que não tem desde o século XV ... sem líderes boas(ns) tem que ter ao menos, bons programas e boas equipes, com maior participação criativa e crítica das Pessoas ...
O pavão sem ética não sabe gerir na minha opinião, o trânsito e o lixo da nossa querida Lisboa, mas quer liderar o PS e um futuro Governo de Portugal ...
O diagnóstico que António Costa apresenta sobre o «Problema Português» (Augusto Reis Machado) branqueia completamente os jogos de soma negativa oligárquicos parasitários, os recentes erros cometidos em termos de desperdício de dinheiros públicos (de Portugal e da União Europeia) nas seguintes dimensões destruidoras de valor:
- betão e alcatrão (infraestruturas desnecessárias que alimentaram a banca, a construção, as autarquias, as regiões autónomas, os partidos, o monstro do laranjal, nomeadamente na Madeira, estádios de futebol inúteis e dispendiosos, que vão ser destruídos, autoestradas com pouco tráfego);
- fármacos e outras despesas com a saúde, que vulnerabilizam actualmente o Serviço Nacional de Saúde, que por via do actual e péssimo governo, não está a ser dotado de meios e pessoas (médicos) fundamentais para a realização da sua nobre missão;
- submarinos e outros equipamentos militares e para militares que não eram prioritários ou necessários, em vez de meios eficazes de controlo da nossa costa, dos nossos mares, ares e terras, nomeadamente devastadas pelo fogo;
- despesas com mordomias imorais na Sociedade Política e no Estado, com carreiras públicas finalizadas com pensões optimizadas sem mérito e insustentáveis, com protecção do emprego público e vulnerabilização do privado;
- engenharias financeiras, consultorias e assessorias que alimentaram todas essas despesas empoladas;
- et cetera ...
E qual foi a resposta do actual governo: um aumento brutal da carga fiscal!
Sócrates tem deméritos superiores aos seus méritos, é um dos líderes responsáveis pela actual situação, a juntar a todos os outros anteriores, com destaque para Salazar, Vasco Gonçalves e Cavaco Silva, não esquecendo os oportunistas que rodeavam Guterres ...
Eis as palavras de António Costa (http://www.mobilizarportugal.pt/):
«(...) Portugal precisa de um PS forte. Por isso, os portugueses querem mais do PS, pedem ao PS um suplemento de confiança, uma energia motivadora, a capacidade de agregar como alternativa de governo a vasta maioria social que exige uma mudança de política.
O PS tem de estar à altura das suas responsabilidades, de responder às exigências do presente.
A minha ambição é dar força ao PS, para formar uma solução de governo forte e coesa, que gere confiança, estabilidade, esperança. O país precisa dessa solução. O país exige essa solução.
É de Portugal e dos portugueses que o PS se deve ocupar. É ao país e aos cidadãos que o PS tem de saber falar. Por isso, não me refugiarei, nem me envolverei, em querelas estatutárias internas, nem farei ataques pessoais.
Há uma questão política - e às questões políticas devemos dar respostas políticas. Candidato-me com sentido do dever, espírito de serviço e motivação militante.
Caras e Caros Amigos
Caras e Caros Camaradas,
Uma terapia eficaz exige um diagnóstico acertado e a sucessão de sintomas favorece a confusão sobre a natureza e origem da crise que enfrentamos.
A criação do euro, o alargamento da União Europeia a Leste, a entrada da China nos mecanismos internacionais do Comércio Livre constituíram, no início deste século, um triplo choque, brutal para as debilidades estruturais da economia portuguesa.
Desde essa altura, a nossa economia estagnou, alternando anos de recessão com anos de fraco crescimento, ameaçando em consequência a estabilidade das finanças públicas e interrompendo a convergência com a UE.
O PS deve orgulhar-se da visão estratégica que enunciou no Governo liderado por António Guterres e do impulso reformista com que, sob a liderança de José Sócrates, assumiu o Governo em 2005.
Contudo, estávamos ainda especialmente vulneráveis quando em 2008 se desencadeou a maior crise mundial dos últimos 80 anos e a Europa falhou, primeiro por hesitação, depois pela sucessão de estratégias contraditórias e, finalmente, por dogmatismo ideológico, na resposta à crise.
O erro do diagnóstico conduziu ao erro na terapia, com o resultado que conhecemos e a insistência na austeridade só irá continuar a agravar.
Há que recuperar o tempo perdido e concentrarmo-nos, de vez, com persistência e continuidade, no que é essencial: superar o atraso estrutural que limita a competitividade, compromete o crescimento e impede a consolidação sustentável das finanças públicas.
É claro que parte importante da solução dos nossos problemas exige uma mudança na Europa. Mas esta constatação só significa que precisamos de um governo que não abdique de contribuir para essa mudança e que se bata pela defesa dos interesses nacionais.
Somos europeístas, mas não podemos ser euro ingénuos. É necessário corrigir as deficiências que a crise evidenciou da união monetária, compensar os efeitos assimétricos que o euro tem nas diferentes economias, recuperar os danos sociais e económicos provocados pelo ajustamento, encontrar um novo equilíbrio na gestão dos nossos compromissos que favoreça o crescimento sustentável, a criação de emprego, o controlo do défice e a redução da dívida.
Numa negociação a 28 é difícil prometer resultados, sem o risco de desiludir. Mas é necessário que haja clareza sobre o que queremos e compromisso sobre a atitude construtiva, determinada e patriótica com que defenderemos o interesse nacional, como parceiros leais, iguais entre iguais e nunca, nunca mais, subservientes.
Não dependemos só de nós, mas não podemos adiar o que só depende de nós.
É a nós que cabe ter um pensamento sobre o país, os seus problemas e as soluções que queremos.
Temos de ser ao mesmo tempo idealistas e realistas. Realistas porque não nos iludimos, conhecemos as realidades e os constrangimentos. Idealistas porque temos ideais, valores e princípios que inspiram o nosso programa e têm de marcar a nossa governação.
Por isso, não basta garantir uma simples alternância. A alternância sem alternativa de nada servirá. Ou pior: servirá para criar mais desilusão, mais descrença, mais desconfiança.
Não tenhamos dúvidas: se pensarmos como a direita pensa, acabamos a governar como a direita governou.
A mudança necessária exige rutura com a actual maioria e a sua política.
Os últimos anos tornaram mais nítida a separação das águas entre as opções estratégicas para o nosso desenvolvimento que queremos sustentável, territorialmente coeso, gerador de prosperidade partilhada; promovido por uma sociedade que aposta no conhecimento, dignifica o trabalho, estimula um tecido empresarial dinâmico e a mobilidade social; apoiado num estado respeitador dos direitos constitucionais, que assegura a igualdade de oportunidades, promove a redução das desigualdades, garante bens públicos essenciais e valoriza a defesa nacional, a segurança e a justiça.
O empobrecimento e a fragilização de direitos não são uma base sustentável para o crescimento.
São a cultura, a educação, a formação, a investigação, a inovação, a modernização tecnológica, a capacitação da gestão, a simplificação administrativa, a inserção nas redes globais que permitirão competir pela qualidade, promovendo o crescimento, gerando emprego e garantindo sustentabilidade ao nosso desenvolvimento.
É preciso romper com a visão do curto prazo, com o ciclo vicioso e precário em que o Governo se bloqueou e bloqueou o país, subindo impostos para aumentar a receita ou cortando salários e pensões para baixar a despesa. Portugal precisa de uma nova agenda mobilizadora.
Os objectivos políticos, sociais e económicos devem ser acompanhados por uma preocupação permanente da sua sustentabilidade. Não podemos estar sempre a desfazer o que conseguimos fazer de bom, nem podemos viver permanentemente na ameaça da instabilidade, da precariedade, do retrocesso, da regressão. Temos de dar consistência, durabilidade e estabilidade ao que fizermos.
Temos de garantir:
A sustentabilidade demográfica.
A sustentabilidade energética e ambiental.
A sustentabilidade financeira.
A sustentabilidade económica.
A sustentabilidade do modelo social.
A sustentabilidade do Estado.»
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