Fases da conquista da Hispânia por parte de Roma em anos antes de Cristo por HansenBCN (Wikipedia) licença de utilização Creative Commons (
http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/deed.en).
A cordilheira dos Pirinéus delimita claramente a Península Ibérica do resto da Europa, e definiu a Hispânia Romana, integralmente conquistada em 19 a.C. no tempo do imperador Augustus, e composta pelas seguintes Províncias: LUSITANIA dos Lusitanos, BAETICA do rio BAETIS e TARRACONENSIS de Tarraco.
A Lusitânia Latina foi a base fundamental do futuro Portugal e a Bética e a Tarraconense teve como resultante, após muitas mutações, o actual Reino de Espanha.
Portugal e Espanha enfrentam actualmente uma ameaça comum: após a adesão à CEE em 1986 e de décadas de abundante financiamento proveniente da Europa, que permitiu aos dois Países um inegável desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida, com amplificação dos seus mercados para os seus vizinhos mais desenvolvidos da Europa, mas também das suas vulnerabilidades a um corte abrupto desses financiamentos, a muitos desperdícios realizados e também a muitas oportunidades perdidas.
O Governo de Espanha através da sua Vice-Presidente Soraya Saenz de Santamaria, e dos seu Ministros das Finanças e da Economia, anunciou as seguintes opções e previsões da Proposta para o Orçamento de Estado de 2013:
- 58% do ajustamento previsto (13.400 M€) será realizado pelo lado das despesas e 42% pelo lado das receitas;
- Os juros irão aumentar 9.742 Milhões de euros (M€),+34%, para 38.600 Milhões de euros;
- As despesas dos ministérios irão ser cortadas em 3.883 M€;
- 63,6% das despesas totais (169.775 M€, aumento de 5,6%, 8.933 M€) serão «sociais»;
- O IVA terá um incremento de 6.900 M€;
- Existirão novos impostos, por exemplo sobre a Lotaria, no valor de 4.375 M€;
- O total de receitas previstas é de 124.044 M€ (aumento de 4%);
- Vão ser utilizados 3.063 M€ do Fundo de Reservas da Segurança Social:
- As pensões irão aumentar 1%;
- As remunerações dos empregados públicos irão ficar congelada pelo 3.º ano consecutivo;
- Está previsto um Plano para incentivar a venda de automóveis;
- A variação real do PIB será de -0,5%.
Soraya Saenz de Santamaría (Emilio Naranjo/EFE)
Entretanto a Auditoria ao Sistema Financeiro sinaliza uma necessidade de 53.745 M€ para sanear a debilitada banca espanhola, após uma longa «bolha imobiliária».
Castilla la Mancha poderá se juntar à Catalunha, a Valência, a Múrcia e à Andaluzia na utilização de financiamento de emergência dotado de 18.000 M€ para as 17 Comunidades Autónomas.
«De Espanha», dizem as Portuguesas e os Portugueses, «nem bom vento, nem bom casamento» ... face à experiência histórica de vizinhança com Leão, Castela e Aragão e posteriormente, com a Espanha, união de Nações pela força e não pelo consenso, o que a torna mais vulnerável.
Esperemos que Portugal e Espanha consigam ultrapassar os seus problemas no seio da União Europeia e prossigam o seu desenvolvimento democrático (só reiniciado respectivamente, em 1974 e 1975) de uma forma mais saudável, realizando o seu imenso potencial, nomeadamente na sua interacção e sinergia. As suas Nações Latinas e Bascas bem o merecem!
Manifestação em Madrid I (foto publicada no Diário de Notícias)
Manifestação em Madrid II (foto da Reuters)
Manifestação em Madrid III (foto da Reuters)
Após o voto, após a Nação delegar a sua soberania nos representantes, se os mesmos são incompetentes e atraiçoam os seus representados com impostos e mais impostos, o que podem fazer os representados, as Nações? Têm poucos meios de se exprimir com e muitos menos para dialogar com os representantes! As sucessivas manifestações em Espanha são um exemplo de dar viva voz à indignação. Indigna-nos a violência das forças de segurança sobre cidadãos indefesos que são a razão de ser da sua existência e que os deviam proteger, nomeadamente dos manifestantes violentos. Mas não, estão lá para proteger os representantes apenas, cumprem ordens dos representantes, os representados, os que deviam ser protegidos, já só contam para a próxima eleição, que como sempre, não lhe dá muitas alternativas. É necessário aprofundar as dimensões participativas da Democracia!
Em Portugal as manifestações de 15 de Setembro foram bonitas e extremamente eficazes, fizeram cair uma medida absurda! Esperemos que as próximas também o sejam, tanto em Portugal como em Espanha!
Em 22 de Março de 2012 existiu violência brutal de um agente da autoridade sobre jornalistas, que deve ter tido a consequência dos mesmos agentes que têm por missão garantir a segurança de todas as Pessoas e que lhes devem um respeito profundo, estarem agora mais alerta no sentido de não serem eles próprios fomentadores de violência, de círculos viciosos.
Felizmente, esta imagem extremamente revoltante é excepcional em Portugal e como referimos pode ter despoletado forças contrárias no sentido de não se repetir, nesta dialéctica mais civilizada no século XXI depois de Cristo, em que os valores e direitos democráticos dos Cidadãos são mais importantes que tudo, tendo por limites os mesmos direitos dos outros Cidadãos, à luz da Constituição, mesmo que o Ser ainda não acompanhe o Dever Ser, mesmo que o potencial seja diferente do real. Antes de 25 de Abril de 1974, não era assim, os Cidadãos tinham muitos deveres e poucos direitos. Com a «Revolução dos Cravos», que foi realizada sem violência, as Pessoas passaram a ter muitos direitos e poucos deveres. Ao longo de um processo de amadurecimento democrático, foram-se criando mais harmonias entre direitos/deveres, mas muito está por realizar... Que esta situação nunca mais aconteça: o abuso do poder não pode suceder, estas pessoas estão ao Serviço da Nação, não do Estado, que é apenas um seu representante!
Em Lisboa, no Terreiro do Paço, realizou-se uma nova manifestação em 29 de Setembro de 2012, que a imagem expressa.
«Plünderung Roms durch die Vandalen» («O saque de Roma pelos Vândalos») de Heinrich Leutemann (1860-1880)
Em Madrid, entretanto, no mesmo dia, as Pessoas reagiram às medidas anunciadas pelo Governo e à violência e vandalismo de certas «forças de segurança», que elementos da própria Polícia puseram em causa. O significante em causa que relembra os Vândalos germânicos (V
andalen) que invadiram a Hispânia Romana em 409 d.C., se instalaram na Baetica, na designada Vandalusia, actual Andaluzia, antes de se dirigirem a Cartago (435 d.C.). Saquearam Roma em 455 d.C..
Migrações dos Vândalos - Wikipedia (
http://de.wikipedia.org/w/index.php?title=Datei:Vandals_Migration_it.PNG&filetimestamp=20110527173119)
Hispânia em 418 d.C. (
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Hispania_418_AD.PNG)
O cinzento finlandês da Comissão Europeia, Ohli Rehn, referiu a propósito da Proposta Orçamental de Espanha: «
Este novo plano de reformas estruturais responde às recomendações específicas dirigidas a Espanha na abertura do semestre europeu e inclusive vai mais longe em alguns aspectos. O objectivo destas reformas é claramente dar respostas aos assuntos mais problemáticos.»
«No» disseram as Pessoas que se manifestaram! As Pessoas que não se manifestam podem ter muitas razões para não o fazer e mais uma vez, um político (o Primeiro-Ministro) joga com essa ambiguidade para tentar favorecer a sua posição. Em Portugal a manifestação de 15 de Setembro foi tão forte que não permitiu qualquer manipulação dos políticos da posição.
Manifestação em Madrid IV (foto de Andrés Kudacki/AP)
Os manifestantes em Madrid também referiram que os seus representantes não os representam: é impressionante a falta de respeito pela Nação, pelas suas pessoas, sendo as negociações com a Troika realizadas sem contemplar qualquer participação das Pessoas, cujas perspectivas são afuniladas nos «Parceiros Sociais», nos Partidos Políticos e nos «Mass Media», muito dependentes de quem os financia. Como se torna evidente para quase todos, esta terapêutica da Troika é um desastre para todas as partes interessadas e não defende os interesses dos credores, quanto mais dos endividados. A miopia dos mesmos que permitiram a elevada especulação financeira e o enchimento dos balões é a mesma que preside ao seu esvaziamento. Este «stop and go» é destrutivo e tem que ser regulado, os responsáveis e os beneficiários estão impunes, quem suporta os fardos são as Nações Latinas, Celtas e Gregas (Itália, Espanha, Portugal, Irlanda, Grécia, grande parte da França), as mais fragilizadas com a moeda forte que os Germânicos impuseram com os seus traumas do marco muito fraco de há quase um século. O euro não necessitava de ser tão forte. As consequências sobre a insolvência de muitas empresas que concorriam com moedas fracas foi evidente e as que sobreviveram são agora submetidas a processos artificiais de contenção da Procura, quando a mesma já sem qualquer acção tenderia a retrair-se cada vez mais, com o fim do excesso de financiamento de actividades sem sustentação, que foram rendibilizar as empresas germânicas do Automóvel, dos Bens de Equipamento, da fileira Metálica, da Química, nomeadamente Farmacêutica, da cadeia de valor Alimentar, apoiada pelas cadeias de Distribuição alemãs.
A seguinte fotografia também de Andrés Kudacki é simbólica: o Amor pelas Nações Latinas e Basca da Hispânia Romana não existe nos corações de pedra dos seus representantes; no asfalto urbano, Hispânia espera e sonha por um futuro melhor em que os políticos e o Estados tenham Amor pelas Nações e realizem Obra Verdadeira de realização do imenso potencial das Nações Portuguesa, Galega, Castelhana, Catalã-Valenciana, Basca, ... seja qual fôr o modelo político que as envolva! Que o Amor prevaleça nos Corações, acima de todas as dificuldades que nos são comuns, que o que Jesus Cristo nos deu seja concretizado em cada um de Nós: Amor e Respeito profundo pela Outra Pessoa, mesmo que seja nossa inimiga! «Dar a outra face» é esvaziar toda a força bruta que os Seres Humanos têm dentro de si próprios e que os induzem, em última instância, a criarem círculos viciosos de violência, mas não significa passividade, bem pelo contrário, é uma acção forte que mostra o Amor que prevalece sobre tudo e que é o mais importante na Vida Humana e no Universo!
Manifestação em Madrid V (foto de Andrés Kudacki/AP)