domingo, 28 de dezembro de 2014

ASSISTÊNCIA FINANCEIRA - PECUNIARUM ASSISTENTIA - FINANCIAL ASSISTANCE





Após mais de 3 anos de «ajustamento financeiro» e com uma brutal carga fiscal, o Estado continua a pesar fortemente sobre as necessidades de financiamento da Economia com 6.344 M€ no acumulado do 3.º trimestre de 2014, financiados pelas Famílias e pelas Sociedades Financeiras, que cobrem também as necessidades de financiamento das Sociedades Não Financeiras (muito menores e em decrescimento de 1.172 M€  para 797 M€). A resultante no Total da Economia é uma capacidade de financiamento de cerca de 2.122 M€ (+1.128 M€ em relação ao período homólogo de 2013).

Se a estes dados juntarmos os dados da evolução da dívida do sector público e privado não financeiro, poderemos observar que esse «ajustamento financeiro» foi realizado fundamentalmente pelas Famílias e pelas Sociedades Não Financeiras, com o Resto do Mundo e os Particulares a financiarem o aumento da dívida pública, que passou de 205.108 M€ em março de 2011 (antes do programa), para 283.655 em Setembro de 2014 (depois do programa), mais 78.547 M€ (+38,3%). Parte desse aumento está ligado a Crédito de Fornecedores (+24.715 M€, +83%), o que faz com que na óptica de Maastricht a dívida tenha tido um aumento de 53.832 M€ (+30,7%). Se retirarmos os depósitos do Estado, a dívida líquida teve um aumento de 36.593 M€ (+21,4%).
Pelo contrário o Sector Privado não financeiro reduziu a sua dívida nas Empresas Privadas (-16.233, -5,9%) e nos Particulares (-14.699 M€, -8,8%, que incluem -2.176 M€ de Empresários em Nome Individual, -37%), num total de -30.931 M€  (-7%).

O Exterior aumentou o seu financiamento em 60.911 M€, os Particulares 11.403, o Estado 29.113 M€, o que compensou a diminuição do financiamento pelo Sector Financeiro (-46.565 M€) para um um aumento total de 41.057 M€ da dívida do Sector Não Financeiro.

O «Programa de Assistência Financeira» disponibilizou um total de 78 mil milhões de euros, 52 mil milhões de euros através do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira e do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (União Europeia) e 26 mil milhões de euros através de um Programa de Financiamento Ampliado do Fundo Monetário Internacional. Do total, 12 mil milhões de euros foram disponibilizados para apoio público à «solvabilidade de bancos viáveis» (Bank Solvency Support Facility).

Portanto o valor da «Assistência Financeira» coincide com um aumento da dívida pública bruta, cerca de 78 mil milhões de euros, o que revela o desastre para Portugal, para as suas Pessoas e para as suas Empresas. As intoleráveis despesas, dívidas e responsabilidades do Estado (central, regional-Madeira, local), por via dos Bancos, das PPP, dos swaps, dos submarinos, dos fármacos, de tantos interesses desfasados dos interesses nacionais que pesam fortemente sobre o futuro de Portugal, foram acomodadas pelo «Programa» e pelo Governo com a total cumplicidade da Troika, que para além de não ter exigido que o mesmo não passasse pela brutal carga fiscal e por cortes brutais em vez da profunda reforma do Estado por opção intolerável do Governo, esteve muito interessada por exemplo, que fossem pagas às indústrias farmacêuticas, nomeadamente alemãs, dívidas de fármacos que foram empolados de uma forma intolerável e que muitos deles foram para o lixo, comparticipados ou integralmente assumidos pelo Estado. 

Haveria que responsabilizar quem é responsável e quem beneficiou de todas estas despesas e dívidas públicas, mas o caminho viciado em que Portugal foi enredado ao longo de séculos e décadas leva à actual situação que urge alterar com uma profunda reforma da Sociedade Política e do Estado.

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