Logotipo do Banco de Portugal
«The Moneylender and his Wife» por Quentin Matsys (1514)
Para que serve ao Mundo e à Nação
Entregar a financeira intermediação
A uma banca incompetente sem fundamentação
Que com limitada supervisão
Fabrica no legal papel
Uma grande torre de babel
Risco?
Se existe não arrisco!
Imobiliário e construção?
Emprestar até mais não!
Que grande trambolhão?
Então que venha a nacionalização
Os juros activos a ascender
São muito mais velozes que os passivos a descer
Política promiscuidade?
Com naturalidade ...
Não estão todos reféns?
Dos milhões e dos vinténs?
Quando é para arrancar é só acelerar
Quando é para parar é só bloquear
Pro cíclico?
Não temos pensamento raquítico
Há que aproveitar até à exaustão
Na usura não há perdão
O jogo é a nosso favor
Não importa a consequente dor
Entre a grande dimensão
E a pequena extensão
Não há qualquer exitação
Pequeno trabalho para avaliar
O muito que há para ganhar
Muito trabalho para percepcionar
O pequeno grande risco a suportar
Numa dispersão sem par
Para muito menos ganhar
Culpa da crise?
É uma tese?
Agora que o Estado apoiou
E o fardo a Nação suportou
Há que acalmar
Ao supremo BCE reembolsar
Para só com muito cuidado emprestar
Pessoa ou Família, só muito rica
Instituição ou empresa, só em África,
América, Ásia, resto da Europa ou Oceania
Em Portugal foi apenas uma mania
Mas o vosso negócio não é arriscar?
Não isso é para o Empresário realizar
Nós não vivemos de ar
Mas sim de ganhar até fartar
Quem tem a banca tem de aproveitar
O jogo de soma negativa
Tem para nós uma dimensão positiva
Tal como à Sociedade Política
Há que a banca limitar
A sua tendência para abusar
E a obrigar
A melhor trabalhar
Para o risco o bem avaliar
E desse modo aumentar
A real utilidade da sua valiosa missão
Fundamental para a Nação
«Se os sem-abrigo aguentam, porque é que nós não aguentamos? Se os gregos
aguentam uma queda do PIB de 25 por cento os portugueses não
aguentariam porquê? Somo todos iguais ou não? Infelizmente encontramos
pessoas que são sem-abrigo, isso não lhe pode acontecer a si ou a mim
porquê? Isso também nos pode acontecer (...)» - Presidente executivo do Banco BPI, 31-01-2013
«Eu julgo que houve aqui, mais do que tudo, a prudência de apenas comunicar ao Banco de Portugal as situações no momento em que havia a certeza inequívoca que havia casos graves de irregularidades. (...) A não aprovação pura e simplesmente das contas implicaria a meu ver, o lançamento de uma crise profunda do próprio Grupo com consequências imediatas no Grupo e estávamos a falar de um Grupo que tinha à partida, milhares de depositantes, que tinha à partida, 6000 trabalhadores (...)» - Declarações em 2009 em audiência parlamentar relativa ao BPN, do ex-administrador da Sociedade Lusa de Negócios (2008) Franclim Alves, recentemente nomeado pelo Primeiro-Ministro para novo «Secretário de Estado da Competitividade, Empreendorismo e Inovação, foi empossado e estava até à data na Direcção do Compete (Programa Operacional Factores de Competitividade).
(http://sicnoticias.sapo.pt/economia/2013/02/01/novo-secretario-de-estado-disse-em-2009-que-perdas-do-grupo-slnbpn-nao-foram-comunicadas-por-prudencia)
Tomada de posse dos novos secretários de Estado - 01-02-2013
«COMISSÃO DE INQUÉRITO SOBRE A SITUAÇÃO QUE LEVOU À NACIONALIZAÇÃO DO BPN E SOBRE A SUPERVISÃO BANCÁRIA INERENTE»
http://app.parlamento.pt/webutils/docs/doc.pdf?path=6148523063446f764c324679626d56304c334e706447567a4c31684d5a5763765130394e4c304e4a546b4a51546e427663314a4255693942636e463161585a765132397461584e7a5957387655477868626d397a4a5449775a5355794d464a6c6247463077374e796157397a4a5449775a47556c4d6a424259335270646d6c6b5957526c637939535a577868644d4f7a636d6c76637938774d444574556d56735958544473334a70627955794d4752764a544977516c424f4c585a6c636e50446f32386c4d6a426c626e5a70595752684a5449775957386c4d6a4251515649756347526d&fich=001-Relat%C3%B3rio+do+BPN-vers%C3%A3o+enviada+ao+PAR.pdf&Inline=true
«Segundo o Dr. Ricardo Pinheiro – audição de 15 de Abril, correspondente à 34.ª reunião – o balcão 1 e 2 não tinham diferença nenhuma entre si, as operações eram lançadas, simplesmente eram alocadas a um balcão ou a outro em função das disponibilidades de capitais e para cumprimento dos rácios legais em vigor em Cabo Verde.
Mais, adianta, na mesma audição, que o Banco Insular servia para parquear operações “nossas”, as quais estavam lá parqueadas por “alguma razão e a razão em si, provavelmente, não era a mais nobre, porque estamos a falar de não respeitar legislação portuguesa ou os rácios legais em Portugal.”
Já para o Dr. Franquelim Alves – 28.º Reunião – 29 de Março – “(…) o que temos no Banco Insular é uma situação que vai para além de todos os limites: para além da não assumpção da propriedade do banco e, inicialmente, a discussão que se tem à volta do Banco Insular, em Março [de 2008], perante os responsáveis do BPN, é que temos um banco em Cabo Verde que não é nosso mas que tem problemas financeiros de activos e passivos no montante de 200 milhões de euros, (…) há depois, a detecção, mais tarde, de que efectivamente, o banco tem uma dimensão registada de fundos que cai num buraco negro de 400 a 500 milhões de euros e, portanto, isto atinge proporções inimagináveis (…)”. Mais adiante o Dr. Franquelim Alves refere que: “(…) o Banco Insular começou a ser assunto debatido ao nível do Conselho de Administração da SLN, a partir de Março/Abril *de 2008+ (…)”»
«O Dr. Franquelim Alves, na reunião de 24 de Março, associa a problemática desta empresa a uma outra companhia designada “SPPM que foi constituída entre a INAPAL, com 50% do capital, e um parceiro alemão, chamado Peguform, com o objectivo único de pintar peças do carro cabriolet Volkswagen EOS, na Auto-Europa, e que pretendia ser uma solução inovadora. (…) Aparentemente terá surgido um problema na origem em que nunca se conseguiu criar uma estabilização na qualidade da pintura (…)”. No seu esclarecimento, adianta que “a solução de ficarmos com a posição dos nossos parceiros era, à partida, muito onerosa e a própria solução de encerrar esta unidade era complexa, na medida em que a relação contratual com a Auto-Europa não era da SPPM mas, sim, da INAPAL e, portanto, se, eventualmente, se encerrasse esta unidade isto teria consequência muito significativas ao nível dos restantes contratos que a INAPAL tinha com a Volkswagen”. Depois de afirmar que não sabe qual é o actual ponto da questão nem de quem é a responsabilidade, declarou que este é “um problema na origem que é também o da adopção de uma tecnologia e de uma solução provavelmente pouco testada”.»
«Labicer – projecto da responsabilidade do CA presidido pelo Dr. Oliveira e Costa. Tecnologicamente parecia um projecto muito bem delineado (audição Cadilhe 15 Janeiro) e tinha como objecto a produção de cerâmica a partir dos seus próprios resíduos segundo um método tecnológico novo e venda de mosaicos incrustados a ouro.
Depoimento do Dr. Franquelim Alves – 28.ª reunião, 24 de Março – “A Labicer é um caso paradigmático de muita coisa e da forma como as coisas funcionavam. (…) um caso, não único provavelmente, de projectos de natureza industrial mal pensados, mal concebidos, eventualmente megalómanos até, e que se aliaram a essa combinação de megalomania.”
CNE (Cimentos Nacionais Estrangeiros) - Dr. Franquelim Alves – 28.ª reunião, 24 de Março
“Mais um projecto industrial provavelmente megalómano”. “Era um caso, mais uma vez, desta combinação de problemas graves de gestão com sobreinvestimento que, obviamente, liquida os projectos, e, portanto, nenhum projecto subsiste num contexto como esse”.»
«Por sua vez, o Dr. Franquelim Alves, no seu depoimento na reunião da Comissão de Inquérito de 24 de Março, afirma relativamente à OPI 92 que “ a indicação que havia da parte dos accionistas era que esta estrutura, apesar de ser detida por um accionista em 50% e por um outro accionista os restantes 50%, era, efectivamente, 50% da SLN Valor. Portanto, na altura, o que os accionistas diziam era que se tinha que assegurar que a participação nesta OPI 92…Peço desculpa porque não fui totalmente claro na questão e explico melhor: havia uma estrutura chamada Pluripar que era detida em 50% por esta OPI e os restantes 50% por um senhor chamado Emídio Catum. E pretendia-se que a OPI, que detinha esses 50% da Pluripar, fosse transferida para a titularidade da SLN Valor, porque, no fundo, era esse o entendimento que esse grupo de accionistas tinha da situação de facto de interesse económico dessa estrutura. Havia, nesse momento, um conjunto de documentação relativamente dispersa muito pouco consistente, como alguma que me foi dada, mas que mais uma vez, era super difícil avaliar na sua real dimensão”. E adiante acrescenta “mas, havia uma coisa de facto que era essa tal Wisteria que o Sr. Deputado referiu, que tinha como ultimate beneficial owner a SLN Valor e detinha essa Wisteria 20% desta OPI, ou seja, já havia aqui uma componente de capital que tinha estado associado à SLN Valor. (…) só muito recentemente foi possível cristalizar a estrutura definitiva de controlo desta OPI (…) o drama destas situações era exactamente este: não havia documentação, não havia propostas factuais e também as testemunhas não existiam”.
«O Dr. Miguel Cadilhe, no seu depoimento na Comissão de Inquérito, declarou ter inventariado através da chamada Operação César 94 offshores.
Por sua vez, o Dr. Franquelim Alves – 28.ª Reunião, 24 de Março - disse que “(…) o que havia era uma estrutura em cascata de offshore que tinham todas elas um ponto comum que era a famosa Marazion(…).»
«(...) o Dr. Franquelim Alves referindo-se à questão da intervenção do Estado, afirmou: o que disse foi que me parecia que, em qualquer circunstância, face à dimensão dos problemas, era necessário haver uma intervenção do Estado, sendo que não defendi que ela tinha que ser necessariamente a nacionalização, mas que teria que haver uma solução com o suporte do Estado, pois penso que isso era indispensável.»
[PORTANTO, O ACTUAL SECRETÁRIO DE ESTADO DO PSD COM A IMPORTANTE MISSÃO DE CONTINUAR A GERIR OS INCENTIVOS À INICIATIVA EMPRESARIAL E À COMPETITIVIDADE, ATÉ AGORA NÃO CONSEGUIDA, ACOMPANHOU DE PERTO O QUE SE CONSEGUE FAZER COM UMA LICENÇA SEM COMPETENTE SUPERVISÃO, PARA UTILIZAR DINHEIROS DAS FAMÍLIAS E DOS EMPRESÁRIOS NA CRIAÇÃO ARTIFICIAL E NÃO SUSTENTADA, DE UM GRUPO FINANCEIRO E ECONÓMICO: «OFF SHORES», MAIS VALIAS EM ACÇÕES DECIDIDAS PELO PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO, MENOS VALIAS, IMPARIDADES E PREJUÍZOS NUM BURACO MONSTRUOSO E COLOSSAL, COM AGENTES LIGADOS AO PSD. QUAL FOI A POSIÇÃO DO SECRETÁRIO DO ESTADO COMO ADMINISTRADOR DA SLN: «PRUDÊNCIA» PARA NÃO PÔR EM CAUSA O GRUPO, JÁ TODO MINADO, E DEPOIS, «INTERVENÇÃO DO ESTADO»! INTOLERÁVEL! E COMO É QUE TEIXEIRA DOS SANTOS DEFENDEU A INCRÍVEL «NACIONALIZAÇÃO»?]
«O Dr. Teixeira dos Santos respondeu: sou franco com o Sr. Deputado: a nacionalização não foi a melhor solução. A melhor solução era que os accionistas metessem dinheiro no Banco, a melhor solução era que alguém tivesse comprado o Banco e o recapitalizasse. A nacionalização foi a única solução que poderíamos utilizar para resolver um problema gravíssimo num sistema financeiro. Entre as duas coisas vai uma grande diferença!
Em segundo lugar, pergunta o Sr. Deputado quanto à questão da situação financeira.
Já há pouco penso que fui claro, mas se não fui repito, que tenho consciência que, no fim do processo, isto implicará custos.
Nesse momento, a avaliação destes custos dependerá do grau de recuperação dos créditos, essencialmente, e isso vai depender muito da evolução das condições financeiras, do mercado, etc.
Mas depende também dos termos e da capacidade de podermos reestruturar o negócio e a operação do Banco, de forma a vendê-lo em condições que sejam favoráveis, que maximizem o valor que o Estado poderá obter pela alienação. Isso também será fundamental.
Agora, não ignoro que existem imparidades, que não será fácil recuperar a sua totalidade e que, ao fim de todo este processo, isto vai implicar um custo.
Repito o que disse há pouco: este custo é claramente inferior ao custo que teríamos de suportar se deixássemos ir o banco à falência. E, mais, quero acreditar que será inferior ao custo que teríamos se o Estado investisse directamente, conforme foi sugerido no plano de recapitalização.
Sobre a nacionalização o Ministro das Finanças, respondendo ao Sr. Deputado Honório Novo, referiu: De qualquer modo, o Sr. Deputado, já me tinha colocado a questão do perímetro noutras circunstâncias, noutras ocasiões em que tive oportunidade de falar sobre isto aqui, no Parlamento, com os Srs. Deputados.
Temos, pois, de precisar bem qual era o objectivo da nacionalização, e o objectivo da nacionalização, Sr. Deputado, era o de assegurar, fundamentalmente, a estabilidade do sistema financeiro, evitar que uma situação de falência do banco e de um consequente fenómeno de corrida aos depósitos, de incapacidade de o banco cumprir os seus compromissos com os depositantes, porque o banco não tinha liquidez.
O banco estava, de facto, sem liquidez e estava incapaz de cumprir os seus compromissos para com os depositantes e uma falha do banco em honrar os depósitos dos depositantes teria, na conjuntura vivida em Outubro no nosso mercado financeiro, efeitos desastrosos no nosso sistema financeiro.
Foi essa a motivação da nacionalização: impedir uma crise sistémica do sistema financeiro que ocorreria com um grande grau de probabilidade numa situação em que o BPN não poderia honrar os depósitos e que iria suscitar corridas a outros bancos, dos clientes de outros bancos, a procurarem salvaguardar e a obter os seus depósitos.
Estes são fenómenos que ocorreram noutras circunstâncias de crise financeira, noutras situações perfeitamente estudadas e o conhecimento dessas situações permite-nos aprender e ter a prudência e o cuidado necessários para impedir e evitar riscos desta natureza.
A nacionalização foi justificada pela necessidade de evitar esse risco sistémico e, ao mesmo tempo, proteger os depositantes do banco. E, por isso mesmo, a decisão incidiu sobre o banco.
E recordo ao Sr. Deputado um princípio que penso ser importante, que é o princípio da proporcionalidade. A acção do Estado tem de ser proporcional aos objectivos que se querem prosseguir. E a nacionalização do banco era a medida ajustada aos objectivos pretendidos.
E mais: vivendo num ambiente de crise financeira, onde o Estado tem vindo a ser chamado a intervir, a actuar de uma forma acrescida na actividade económica e financeira, o ambiente de crise, justificando essa intervenção acrescida do Estado, não pode ser um pretexto para enveredarmos por processos de estatização da economia.
Portanto, creio que a medida foi equilibrada, foi ajustada ao problema que tínhamos, que era um problema de estabilidade do sistema financeiro, de defesa dos depósitos. Mais: para mim, não é certo que a nacionalização do Grupo, conforme sugere, não significasse, porventura, termos um problema maior entre mãos do que aquele que, de facto, temos neste momento só com o BPN.
A nacionalização de todo o Grupo não garantiria — e estou convencido de que, pelo contrário, iria constituir para o Estado um problema ainda maior do que aquele que temos com a situação do Banco… E mais: creio que uma nacionalização que fosse para além deste âmbito, por ser desproporcionada, poderia estar ferida de inconstitucionalidade.
Penso que também aqui o quadro constitucional deve ser respeitado e, por isso mesmo, nós entendemos que deveríamos ter uma acção e uma decisão equilibrada, proporcionada e ajustada aos fins pretendidos com essa nacionalização.»
«O Dr. Teixeira dos Santos expôs a sua opinião sobre a questão do perímetro da nacionalização que importa referir: Todos nós sabemos muito bem qual era o tipo de relações existentes entre as empresas do Grupo SLN e o banco. E tínhamos aqui uma constelação de interesses em torno do banco, centrada no banco de que essas empresas dependiam.
Devo dizer-lhe que é minha convicção, Sr. Deputado, que a nacionalização do Grupo servia os interesses desse Grupo e dessas empresas, não servia era os interesses do Estado nem os interesses mais imediatos que tinham em vista a estabilidade do sistema financeiro e a defesa dos depositantes. Essa, sim, era uma medida que conviria, que seria boa para quem faz parte do Grupo SLN, que sentir-se-ia assim mais protegido e ver-se-ia assim também livre de problemas que tem e que passariam a ser problemas do Estado.
Por isso mesmo é que eu há pouco dizia, Sr. Deputado, que, para mim, nacionalizar o Grupo era, de facto, termos hoje em dia um problema bem maior do que aquele que actualmente temos já com a nacionalização do BPN. Essa é a minha convicção e foi na base dessa convicção que eu intervim e que propus ao Governo o caminho que acabou por ser seguido, conforme sabemos.
No sentido de enquadrar a opção do Governo em nacionalizar o BPN, importa referir o contexto histórico em que ela é tomada. A decisão surge num momento em que o sistema bancário sofria graves problemas, inclusive uma possibilidade de ruptura, e que diversos países, até de tradições políticas mais liberais do que Portugal, acabaram também por recorrer a esse instrumento. Na sequência desta crise financeira o Governo britânico nacionalizou os bancos Northern Rock e Bradford & Bingley, o Governo austríaco nacionalizou o banco Kommunalkredit, o Governo dinamarquês nacionalizou os bancos Roskilde e Ebh Bank e o Governo Islandês nacionalizou o banco Kaupthing, Landsbanki, Glitnir.
O Sr. Ministro das Finanças foi também instado a pronunciar-se sobre os custos da nacionalização até à data das suas declarações. Transcreve-se por isso os seus depoimentos: O Sr. Deputado Nuno Teixeira de Melo perguntou, há pouco, quanto é que o Estado meteu, até este momento, no BPN e eu disse-lhe que, até este momento, não pusemos nada, nem um euro. Com isto não quero dizer que, no fim, isto não possa vir a representar um custo. Eu tenho consciência de que, no fim de toda a operação, isto vai implicar um custo. Agora, também tenho consciência, Sr. Deputado, de que este custo é bem menor do que o custo que suportaríamos se deixássemos o banco ir à falência. É que se deixássemos ir o banco à falência, Sr. Deputado, tínhamos logo um problema de uma dimensão de quase 5000 milhões de euros - os depósitos dos depositantes -, e isso iria ter um impacto, obviamente, no erário público, que era o garantir, o assegurar, o defender a situação destes depositantes. Esse era directamente um custo sobre ou relacionado com esta instituição.
Agora, pensemos nas implicações sistémicas de uma falência desta natureza. Nós no nosso sistema financeiro, Sr. Deputado, temos cerca de 144 000 milhões de depósitos e temos cerca de 17 milhões de depositantes ou de contas. Em média podemos tomar como referência de valor médio de depósitos um número redondo, 10 000 euros, ou seja, um depósito médio de 10 000 euros.
Vamos supor que 10% destes depositantes eram afectados por uma crise financeira de natureza sistémica — e 10% é avaliar isto muito, muito por baixo —, isto quer dizer que teríamos um custo de 17 000 milhões só em accionar a garantia de depósitos de 100 000 euros, que é o que está na lei. Eram 17 000 milhões, se houvesse um problema sistémico que afectasse somente 10% destes clientes, o que não era crível num cenário de natureza sistémica.
Isto é para termos um pouco a ideia da imensidão dos problemas e das implicações financeiras que um cenário desses tinha. Ora, foi a avaliação destes riscos e destas consequências que esteve na base da decisão que o Governo tomou, numa conjuntura financeira difícil, muito instável e de alto risco que vivemos no mês de Outubro e Novembro, na parte final do ano passado.
Creio que respondi à sua questão. (Teixeira dos Santos)
As imparidades associadas ao Banco Insular e ao banco virtual foram imputadas ao exercício de 2007. Por isso, a situação, a 31 de Dezembro de 2007, reflecte já o efeito dessas imparidades. Mas o ano de 2008 é outro exercício e as imparidades ter-se-ão agravado, por um lado, quer no Banco Insular quer na actividade do banco, designadamente imparidades relacionadas com a actividade de crédito.
Recordo o Sr. Deputado que o banco apresentou um resultado negativo, que foi publicado e publicitado, de cerca de menos 575 milhões. Ora, isso também afecta os seus capitais próprios e a sua situação líquida.
Portanto, o valor reportado a 2008 é, obviamente, o valor que diferirá do valor final de 2007 devido a estas circunstâncias. É que há mais imparidades e é o próprio resultado do exercício de 2008 que, pelas contingências associadas não só ao banco, mas também ao contexto em que o banco teve de desenvolver as suas actividades, se traduz em perdas significativas de 575 milhões de euros, que, obviamente, tem um impacto nesse número. Não pense que não é de estranhar que assim seja.(Teixeira dos Santos)
E acrescentou ainda: Na altura, diria que grosso modo tinha sido avaliada à volta de metade da carteira de activos do Banco. Por isso mesmo tínhamos consciência, na altura em que o Plano foi apresentado, que, sendo a auditoria de âmbito limitado, as imparidades poderiam ser bem superiores àquelas que, no momento, era possível comunicar e anunciar. Mas já falei sobre isso nos esclarecimentos anteriores.
O desenvolvimento dessa auditoria veio a permitir apurar esses valores e o número que o Dr. Norberto Rosa, o Sr. Vice-Presidente do BPN, comunicou nesta Comissão de cerca de 1800 milhões de euros é o que resultou em termos do apuramento dessas imparidades pela auditora à data da nacionalização.
Vou decompor o valor de 1800 milhões de euros em grandes números: quinhentos e trinta e poucos milhões que correspondiam exactamente às imparidades associadas ao Banco Insular mais o virtual; cerca de 1000 milhões de euros de imparidades associadas à carteira de crédito; e cerca de 200 milhões de euros associados aos fundos imobiliários, a imóveis. Soma mil setecentos e poucos milhões, conforme verá, porque haveria mais uns itens residuais e arredondaria para os tais 1800 milhões de euros. Isto é o que resultou do trabalho da auditora.
Quando se fala em «alcance» apurado na totalidade da situação, o que é dito é «alcance», não «montante» apurado na totalidade. E isto porque, Sr. Deputado, a instituição estava falida. Já com aquele nível de imparidades era possível apurar o alcance das consequências, era uma situação de falência da instituição.
Por isso não foi apurado o «montante» na totalidade mas o «alcance», as implicações. (Teixeira dos Santos)
Sobre a questão de o estado já ter ou não suportado algum custo com o BPN transcreve-mos o seguinte excerto:
O Sr. Dr. Teixeira dos Santos: Até agora o Estado não suportou um euro, sequer, Sr. Deputado.
O Sr. Nuno Teixeira de Melo: — E a Caixa?
O Sr. Dr. Teixeira dos Santos: — A Caixa, neste momento, tem feito operações de liquidez. E operações de liquidez, Sr. Deputado, não são injecções de capital! São coisas completamente diferentes. As injecções de liquidez da Caixa estão avaliadas neste momento na ordem dos 2500 milhões de euros, Sr. Deputado.
200
Estamos a falar de dinheiro que a Caixa tem da sua actividade — porque a Caixa não gera dinheiro, a Caixa recolhe depósitos, recolhe meios de financiamento noutras instituições financeiras — e a Caixa tem um financiamento, neste momento, apoiado na emissão de papel comercial por parte do BPN, emissão essa com garantia do Estado, e papel comercial esse que serve de colateral junto do Banco Central Europeu (BCE). A Caixa ainda não teve necessidade de o fazer, mas este financiamento do BPN, da ordem dos 2500 milhões de euros é como se fosse um financiamento junto do BCE, porque a Caixa pode, a todo o momento, ir ao BCE obter o dinheiro que, entretanto, adiantou em operações de liquidez.
Mais, Sr. Deputado, se me permite também esclarecer essa questão: o Sr. Deputado sabe que, por exemplo, desde que o Governo lançou o plano de apoio à estabilidade do sistema financeiro e disponibilizou aos bancos do nosso sistema financeiro a concessão de garantias de Estado aos seus financiamentos, há bancos que obtiveram já financiamentos no exterior com base nessa garantia. Há um banco que já obteve 1250 milhões, há dois grandes bancos que já obtiveram, cada um deles, 1500 milhões de euros... Entretanto, alguns destes bancos foram ao mercado monetário e obtiveram financiamento sem o aval do Estado e o Sr. Deputado não vai dizer que estes bancos, entre os quais a própria Caixa, que obtiveram financiamento desta natureza junto de outros bancos europeus, que houve injecção de dinheiro destes bancos ou que, eventualmente, o Estado de outros países está é a meter dinheiro na Caixa!? Não! São operações financeiras, de financiamento da actividade bancária que estes bancos têm com outros bancos, assim como o BPN tem junto da Caixa Geral de Depósitos. É tão simples quanto isso, Sr. Deputado!
O negócio bancário é obter dinheiro de uns para emprestar a outros. É o que a Caixa fez: obteve dinheiro num lado e emprestou ao BPN, como empresta ao senhor se for lá pedir um crédito para a habitação ou às empresas para financiar a sua actividade! É essa a actividade da Caixa, Sr. Deputado!
Aqui em condições mais favoráveis dado que o financiamento ao BPN tem garantia de Estado, Sr. Deputado. E tem o papel comercial com essa garantia que é um papel que dada essa garantia até serve de colateral e permite à Caixa obter esse financiamento junto do BCE, o que lhe dá ganhos de mediação, porque tem uma base de financiamento que é a mais barata possível, que é a do BCE.»
Claro que as imparidades
Eram muitas mais que as cidades
E o risco de colapso financeiro
Era muito maior para o interesseiro
Do que para o terreiro
Tantos milhares de milhões
Todos transformados
Em mais desempregados
Porque as desastrosas soluções
Foram ter com quem não podia
E não com quem devia
Sem comentários:
Enviar um comentário
Muito obrigado pelo seu comentário! Tibi gratiās maximās agō enim commentarium! Thank you very much for your comment!