segunda-feira, 6 de agosto de 2012

OPOSIÇÃO - OPPOSITIO - OPPOSITION


 Representada por «Scuola di Atenas» («Escola de Atenas», «Schola Atheniensis», «School of Athens») de Raphaelo Sanzio (1510).

A oposição na Sociedade política à posição que apoia o actual Governo é um par dialéctico fundamental na Dialéctica Democrática. Na anterior autocracia essa dialéctica não existia com resultantes desastrosas para a Nação Portuguesa. As decisões eram mais fáceis mas péssimas. Muitas das fragilidades actuais da nossa Cultura Política foram muito agravadas com o Estado Novo. Obviamente que o que Eça de Queiroz satirizava no final do século XIX, manifestava a pobreza cultural já anteriormente existente. Mas na sua «Sociedade fechada» os próprios opositores desenvolveram-se com uma mentalidade autocrática, que se manifestou ao longo da História da III República. A intolerância perante os opositores dentro dos próprios partidos políticos é evidente. Antonio Gramsci, o grande intelectual italiano,  evidenciou esse cancro quando referiu que só com  Democracia interna dentro de um partido se poderia defender e fortalecer a Democracia de uma Nação.

Apenas é relevante na Sociedade Política portuguesa e em nossa opinião, a Oposição desenvolvida pelo único partido democrático com assento parlamentar, o Partido Socialista (PS), o verdadeiro partido Social Democrata.
Com a perda de posição e demissão da anterior liderança, emergiu uma nova liderança na oposição, estranhamente e mesquinhamente prejudicada pelos «autênticos pseudo» líderes que concorreram ou não concorreram às eleições internas. Para quando a existência de «Eleições Primárias» abertas ao exterior dos partidos? Pois mal, um dos concorrentes aparentemente, não concorreu e manifestou a sua visão monárquica do partido: ele seria o Príncipe descendente, que por razões pessoais não concorreria no imediato, mas que pensava que controlaria o futuro líder, por via de um candidato amistoso. O partido elegeu um candidato não amistoso e ele ficou furioso, na sua Presidência da Câmara de Lisboa. Tanto narcisismo, tanta mesquinhez se foi revelando ao longo do tempo e culminou recentemente numa entrevista à Agência Noticiosa «Lusa», com a explicitação da sua intenção , que poderemos ler num excelente texto de Cristina Figueiredo no semanário «Expresso» de 4 de Agosto de 2012, deliciosamente intitulado ««Agarrem-me, se não eu candidato-me», em que a pessoa em causa se considera com «algumas qualidades» para ser líder do PS: «Houve alturas em que eu queria e não podia ser, houve alturas em que eu queria e havia pessoas mais bem colocadas, houve alturas em que eu não queria». 

A Posição agradece este e outros «faits-divers» de «vontade de poder» mesquinha, que tentam ofuscar o bom trabalho desenvolvido pelo líder da Oposição, na apresentação de alternativas no quadro dos «Socialistas e Sociais Democratas europeus» aos maus caminhos percorridos em toda a Europa:
- Há muito tempo que defende mais tempo para o «Programa de Assistência Financeira» a Portugal por parte do Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia, recentemente consensualizado junto de membros apoiantes da Posição e com o aprofundamento da sua dimensão Estratégico-Económica, apoiada pelo Banco Central Europeu e pela transferência de verbas de apoio à Banca para as Empresas não financeiras de média e pequena dimensão;
- Há muito que defende que deve haver alternativas ao acréscimo de tributação sobre a Nação, falta saber quais em profundidade, nomeadamente em relação à urgente Reforma do Estado;
- Há muito que defende uma maior Ètica na Sociedade Política, fundamental para o desenvolvimento da Democracia. 
Críticas internas e externas? Por exemplo:
- Não ter feito um corte radical com a Posição em relação ao «Programa de Assistência Financeira», agora hipocritamente renomeado «Económico-Financeira», como se as «medidas estruturais» previstas fossem à raiz dos problemas estratégico-económicos;
- Ser demasiado educado e pouco agressivo;
- Fazer o tradicional percurso de carreira política desde a juventude do partido, passando pelo governo do partido até ao controlo do aparelho do partido, que lhe permite a liderança;
- Não ter defendido o anterior governo socialista onde tinha razão e onde actuou bem. 

Mas, independentemente de razões apontadas, onde estavam os críticos do partido em relação aos erros do anterior governo que permitiram o assalto mesquinho ao poder, com a cumplicidade tendenciosa do Presidente da República e dos partidos não democráticos? Onde esteve a dialéctica democrática dentro do partido que minimizasse os erros? Como de costume não existiu. O actual líder era uma dos poucas vozes e silêncios da oposição interna.

Ficamos mais preocupados em relação à profunda reforma do Estado que urge realizar. O líder defende-a?

Vamos acompanhar os debates relativos ao Orçamento do Estado para 2013 e observar as posições dos deputados da oposição democrática, que elegemos e que nos representam, apesar da sua grande distância em relação aos representados, bem como da liderança do PS. Para quando a alternativa democrática de podermos eleger directamente os deputados com votação nos mesmos sem o filtro partidário, como por exemplo:
_ em vez de termos que votar numa lista com nomes com os quais não nos identificamos parcialmente ou totalmente, não poderíamos votar nas pessoas que se candidatam? Por exemplo, votávamos num partido, mas ao mesmo tempo, votávamos nos deputados que poderiam ser de vários partidos, com os quais nos identificávamos mais do que com a lista partidária de nomes.

Um nosso agradecimento ao jornalista e escritor Miguel Sousa Tavares, que numa página do referido semanário «Expresso» tem erguido bem altos os valores da Democracia, da Verdade e da Nação Portuguesa! 

A propósito, recentemente, foi referido que a TAP não é o Palácio da Pena. Pois não, não é isso que está em causa nessa mesquinha afirmação, mas tal como a CIMPOR, é um excelente exemplo da tão necessária internacionalização, liderada por gestores públicos, que tiveram excelentes visões estratégicas que depois de concretizadas, criaram Valor e as tornaram apetecíveis para concorrentes, existindo um grande risco de ser comprometido o interesse da empresa-grupo (a CIMPOR está perdida) e da Nação! Os terríveis erros de localização do novo Aeroporto de Lisboa, comprometeram o mesmo. Apesar disso Portugal deve continuar a ser a porta de entrada e de saída para o Brasil e para África de expressão lusófona, com a possibilidade de manter e desenvolver rotas estratégicas onde os interesses de estrangeiros e de portugueses sejam relevantes. Neste contexto que significado assume a alienação dos terrenos do Aeroporto de Lisboa da sua Câmara para o Estado? Porque é que podem existir «golden shares» na Alemanha que servem para defender os interesses Alemães e não podem existir em Portugal, não para nomear membros da nomenclatura, mas para defender os interesses da Nação? Cuidado Posição com a vossa acção de subserviência, em nome da Dívida Pública e do «Programa de Assistência» que tanto desejaram, desenvolvem-se muitos jogos de soma nula e negativa, muito lesivos da Nação, que deve estar muito atenta!

O líder da Oposição já manifestou a sua estranheza por mais uma vez, o PS não ter sido consultado para um assunto tão importante que merece amplo consenso nacional. Tem sido o costume, a única preocupação de envolvimento por parte da Posição tem sido relativa ao Orçamento e à dita «Concertação Social», em que sinceramente não compreendemos a triste atitude da UGT: o problema de Portugal já não é a rigidez da legislação laboral, apesar das melhorias que poderiam acabar com certas greves de chantagem em sectores estratégicos, não são os salários baixos, mas sim os salários elevados e reformas elevadas das elites, da nomenclatura e de certa função pública. Mas muito pior que isso, é a sua mediocridade ética e cultural que compromete seriamente a Nação! O desperdício de dinheiros públicos é enorme e é tempo de retirar mordomias e tributar fortemente esses grupos e pessoas, fortemente beneficiárias e responsáveis pela actual situação! Qual é a sua posição democrática Oposição?



  

 
 


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